EXEGESE E SERMÃO
Tiago 3:1-12
A presente exegese se propõe a estudar, analisar e trabalhar em cima do texto de Tiago 3:1-12, usando dos passos exigidos pelo professor Geimar de Lima, da disciplina BI – Hebreus e Epistolas Gerais. O propósito aqui se encontra em uma análise mais aprofundada do texto, trabalhando conceitos, estruturas, língua original, contexto etc.
A proposta é extrair da perícope aquilo que nem sempre é possível fazer em apenas uma leitura ou em uma leitura superficial.
De forma mais exemplificada, a exegese trabalhará os seguintes pontos, divididos nestas 10 ordens: utilização de outras versões bíblicas; análise da estrutura de cada versículo e se existe alguma divisão; detalhes sobre a tradução de cada uma versão bíblica utilizada; significado do tempo da escrita; histórico do texto para aquela época; lista de perguntas e dúvidas; responder as dúvidas e perguntas surgidas anteriormente; observar quais doutrinas teológicas a passagem se relaciona; aplicação do texto para as nossas vidas; esboço tópico do sermão com o tema, ideia, homilética, objetivo e aplicações.
ANÁLISE INICIAL DE ALGUNS COMENTÁRIOS BÍBLICOS
Segundo Henry (2017) a língua desenfreada é um dos maiores males da humanidade. Em cada época da história da humanidade, tanto na vida privada com na pública, temos evidencias sobre isso. Tiago nos apresenta que domar a língua não é algo impossível, mas extremamente difícil, pois ninguém pode domar a língua sem o auxílio de Deus.
Para Carson (2009) a carta de Tiago não foi bem aceita pela igreja naquela época. Martin Luther comenta que não era embasada com a carta de Paulo e Lutero diz que Tiago não menciona nada sobre a salvação pela graça. Portanto ela é uma carta útil para a igreja de hoje.
Um dos pontos que Carson (2009) destaca é que nenhuma outra carta apresenta uma ênfase cheia dos ensinamentos de Jesus como a carta de Tiago. Todas as ideias geralmente foram tiradas dos ensinamentos de Jesus e a maioria referente ao Sermão da Montanha (Mateus 5-7).
Conforme descrito na Bíblia de Estudo Genebra (2009) apresenta como quase certo que o autor dessa carta foi Tiago, irmão de Jesus. O autor possuía uma posição de autoridade sobre a igreja, ele era um líder da igreja em Jerusalém.
Ele foi considerado um dos pilares da igreja, juntamente com Pedro e João (Gal. 2:09). O Novo Testamento apresenta Tiago como um dos filhos de Maria, mãe de Jesus (Mateus 13:55.; Marcos 6:3). Tiago, junto com seus irmãos, estava cético de Jesus durante Seu ministério terreno (João 7:5), mas foi convertido quando ele se tornou uma testemunha da ressurreição ( 1Coríntios. 15:07). O historiador da igreja primitiva Hegesippus o identificou como "Tiago, o Justo", atestando a sua piedade extraordinária, seu zelo pela obediência à lei de Deus e sua devoção singular à oração. Dizia-se que os joelhos de Tiago ficaram tão calejada de oração que eles se assemelhavam aos joelhos dos camelos (BÍBLIA, DE ESTUDO DE GENEBRA, p.1669, 2009).
Quem era Tiago? Segundo o Comentário Bíblico Moody, dos diversos indivíduos que tinham esse nome no Novo Testamento apenas dois foram possíveis autores do livro, Tiago, filho de Zebedeu e Tiago, o irmão de Jesus. O primeiro é improvável, pois foi morto em 44 A.D devido sua fé e não era um líder na igreja como foi Tiago, irmão de Jesus, que era uma característica para escrever uma carta (HARRISON, PFEIFFFER, 1983).
Com o passar do tempo a igreja entendeu a importância do livro de Tiago e começou a valorizar sua carta, pois, na verdade, o livro explica de uma forma clara os aspectos práticos da conduta cristã e modo como a fé é revelada na vida de cada cristão. O texto é escrito em grego de uma maneira informal, porém bem fluido e construído trazendo a memória do leitor princípios e muitos conselhos bíblicos de Provérbios. Realmente Tiago vai direto ao ponto, ou seja, escreve de uma maneira prática e objetiva tratando princípios do cotidiano apresentando pérolas de sabedoria em suas palavras (KING JAMES ATUALIZADA, 2012).
O livro possui traços marcantes do judaísmo e contém várias referências ao Antigo Testamento. O paralelismo como é encontrado na poesia bíblica do livro de Provérbios 1-9. O livro apresenta ensinamentos e provoca reflexões relativos ao cotidiano como em Provérbios 6:6 – “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus caminhos e sê sábio”. Além da influência do livro de Provérbios, conforme citado, o livro também é influenciado pelo Sermão do Monte (Mateus 5-7). “Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves? Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida?
E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam” (Mateus 6:26-28).
O livro de Tiago tem sido considerado variavelmente uma epístola, um sermão (para ser lido em voz alta nas igrejas), uma forma de literatura da sabedoria, uma diatribe (expressando ideias de uma pessoa como uma conversa interior) e uma parênese (um texto que junta admoestações e exortações de natureza ética). Essas categorias não são mutuamente excludentes, e há elementos de cada uma delas em Tiago (BÍBLIA, DE ESTUDO DE GENEBRA, p.1669, 2009).
Tiago é um livro cheio de metáforas para facilitar o nosso entendimento. É uma carta prática sobre como devemos ter cuidado com a nossa língua, com as nossas palavras.
SIGNIFICADO PARA O TEMPO DA ESCRITA E HISTÓRICO DA PERÍCOPE
Tiago é o nome em português, pois no grego o nome é “Iakobos” que traduz o seu nome hebraico “Ya’akov” e por isso a maioria das traduções antigas e modernas traduzem seu nome por Jacó.
No Novo Testamento há muitos Jacós, dois deles fazem parte dos doze discípulos de Jesus: Tiago, filho de Zebedeu e Tiago, filho de Alfeu (Marcos 3:16-19).
Aprendemos a história de Jacó (Tiago) no livro de Atos e nas cartas de Paulo. Como ele cresceu literalmente com Jesus sua linguagem para ensinar tem a influência de Jesus. O texto de Tiago 3:1-12, que fala sobre a língua, tem uma ligação com as palavras de Jesus no texto a seguir de Lucas 6: 43-45 “Não há árvore boa que dê mau fruto; nem tampouco árvore má que dê bom fruto. Porquanto cada árvore é conhecida pelo seu próprio fruto. Porque não se colhem figos de espinheiros, nem dos abrolhos se vindimam uvas. O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração”.
Depois que Pedro partiu de Jerusalém para começar novas igrejas, Jacó (Tiago) ganhou destaque como líder da igreja matriz em Jerusalém, composta principalmente de cristãos de origem judaica. Essa foi a primeira comunidade cristã de todos os tempos e ela passou dificuldades durante 20 anos em que Jacó (Tiago) foi o seu líder. Houve fome que levou uma grande pobreza para a região e os cristãos de origem judaica foram perseguidos por judeus em Jerusalém, mas apesar de tudo Jacó (Tiago) era conhecido como um pilar da igreja em Jerusalém. Ele foi conhecido como um pacificador que liderou com sabedoria e coragem até que foi tragicamente assassinado.
Nesse livro de Tiago temos o legado de ensino e da sabedoria condensados em um trabalho curto e muito poderoso.
O livro começa com uma carta que ele cumprimenta todos os cristãos de origem judaica que estavam vivendo fora da terra de Israel. Diferente das cartas de Paulo, aqui Jacó (Tiago) aborda problemas específicos em uma igreja local.
Tiago escreveu para os cristãos que haviam sofrido perseguições. Ele os encorajou a buscarem sabedoria, fortalecerem a fé e mostrarem essa fé por meio da obediência a Deus, especialmente no relacionamento com outras pessoas.
Cada tipo de ensino no livro é separado e concluído com uma frase cativante, mas todos esses ensinos estão conectados através de palavras e temas repetidos. O capítulo introdutório é uma corrente fluida de ensino sábios e frases para resumir as ideias principais de todo o livro esse capítulo realmente apresenta todas as palavras-chave temas que você encontrará nos capítulos 2 a 5.
A dificuldade da vida são, na verdade, presentes paradoxais que podem produzir perseverança e moldar o nosso caráter.
Deus pode fazer um trabalho incrível dentro de nós em meio ao sofrimento e nos ajudar a tornarmos perfeitos e completos. A palavra perfeito é realmente importante para Tiago (Jacó), pois ele a repete 7 vezes no livro lembrar que no grego essa palavra refere-se a integridade e significa viver uma vida completamente íntegra.
PERGUNTAS E DÚVIDAS: EXPLICANDO CADA VERSÍCULO
“Meus irmãos, não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber maior juízo” Tiago 3:1
Grande parte da divisão de muitas igrejas acontece devido esse problema de lideres acharem que possuem razão ou estão corretos e acabam influenciando os membros a deixarem de seguir tal caminho. Liderança requer responsabilidade.
Tiago dá um aviso sóbrio relativa à responsabilidade dos mestres. Os mestres exercem influência sobre os estudantes de confiança, uma relação que faz com que os alunos sejam vulneráveis a erro grave. Este julgamento rigoroso deve conter os mestres das palavras descuidadas. A língua do mestre pode ser um perigo devastador. A igreja primitiva deu alta estima para o cargo de mestre (Mt 5:19; 18:6; Rom 14:10-12).
“Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça no falar, é perfeito varão, capaz de refrear também todo o corpo” Tiago 3:2
Tiago ainda estava falando principalmente dos mestres, indicando que ensinar algum erro é inevitável.
Catecismo Maior de Westminsters – Pergunta 149
Será alguém capaz de guardar perfeitamente os mandamentos de Deus?
Nenhum homem, por si mesmo ou por qualquer graça que receba nesta vida, é capaz de guardar perfeitamente os mandamentos de Deus, mas diariamente os viola por pensamentos, palavras e obras.
“Ora, se pomos freio na boca dos cavalos, para nos obedecerem, também lhes dirigimos o corpo inteiro” Tiago 3:3
“Observai, igualmente, os navios que, sendo tão grandes e batidos de rijos ventos, por um pequeníssimo leme são dirigidos para onde queira o impulso do timoneiro” Tiago 3:4
“Assim, também a língua, pequeno órgão, se gaba de grandes coisas. Vede como uma fagulha põe em brasas tão grande selva!” Tiago 3:5
Tiago usa metáforas da experiência comum para ilustrar o seu ponto cardeal que grandes resultados podem ser alcançados por meios pequenos. A língua é uma pequena parte do corpo que é capaz de criar grandes desastres.
Somos advertidos a cuidar bem do nosso pensar e falar (língua), pois Satanás busca, diuturnamente, influenciar (incendiar) nossas mentes para o mal e tudo quanto é próprio do inferno (Jo 8:44; Mt 5:22; Lc 16:23).
“Ora, a língua é fogo; é mundo de iniquidade; a língua está situada entre os membros de nosso corpo, e contamina o corpo inteiro, e não só põe em chamas toda a carreira da existência humana, como também é posta ela mesma em chamas pelo inferno” Tiago 3:6
Uma língua descontrolada é comparado a um incêndio que devasta sem controle ( Sl 120:3, 4 ; Pv 16:27 ). Essa imagem realça o inacreditável prejuízo que pode ser feito com palavras – não somente àqueles dos quais as palavras são direcionadas, mas também aos outros em sua esteira e àqueles que as pronunciaram. “É posta ela mesma em chamas pelo inferno” – talvez uma afirmação exagerada que indique a gravidade dos resultados das palavras perversas, ou uma indicação de que os próprios demônios tentam os cristãos a usar palavras destrutivas.
“Pois toda espécie de feras, de aves, de répteis e de seres marinhos se doma e tem sido domada pelo gênero humano” Tiago 3:7
Tiago não tinha em vista a domesticação, mas a sujeição que a humanidade exerce sobre o reino animal (Gn 1:28).
“a língua, porém, nenhum dos homens é capaz de domar; é mal incontido, carregado de veneno mortífero” Tiago 3:8
A língua é mais difícil de domar do que animais selvagens. Ela está cheia de veneno mais venenoso do que uma víbora ( Sl 58:4; 140:3 ; Rom 3:13 , 14 ).
“Com ela, bendizemos ao Senhor e Pai; também, com ela, amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus” Tiago 3:9
A língua é capaz de ser utilizado tanto para a virtude e o vício. A mesma boca usa a língua para estes fins contraditórios feito à semelhança de Deus. Consulte "A Imagem de Deus" em Gênesis 01:27.
“De uma só boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não é conveniente que estas coisas sejam assim” Tiago 3:10
A língua também é inconsistente. Ela é usada para realizar seus mais altos propósitos, isto é, para bendizer a Deus, mas também é usada para maldizer os homens. Tal inconsistência, especialmente no caso dos cristãos (meus irmãos), não é conveniente que estas coisas sejam assim.
“Acaso, pode a fonte jorrar do mesmo lugar o que é doce e o que é amargoso?” Tiago 3:11
“Acaso, meus irmãos, pode a figueira produzir azeitonas ou a videira, figos? Tampouco fonte de água salgada pode dar água doce” Tiago 3:12
Nota a semelhança aqui entre metáforas de Tiago e os utilizados por Jesus em Mateus 07:16.
Tiago dá dois exemplos para apresentar a conclusão deste ponto. O primeiro é tirado da terra de Israel, onde no vale do Jordão, visto à distância, tem um córrego que desce no vale. Às vezes, a água era doce e boa. Às vezes, ele estava cheio de minerais (sal). Mas uma coisa era certa: os dois tipos de água não fluíram a partir da mesma fonte.
SERMÃO
O texto de Tiago 3:1-12, que fala sobre a língua, tem uma ligação com as palavras de Jesus no texto a seguir de Lucas 6: 43-45 “Não há árvore boa que dê mau fruto; nem tampouco árvore má que dê bom fruto. Porquanto cada árvore é conhecida pelo seu próprio fruto. Porque não se colhem figos de espinheiros, nem dos abrolhos se vindimam uvas. O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração”.
Somos ensinados a temer uma língua desenfreada, como um dos maiores males. Os assuntos da humanidade são lançados à confusão pela língua dos homens. Cada época do mundo e cada condição de vida privada ou pública dá exemplos disto. O inferno tem a ver com o aumento do fogo da língua, mais do que os homens geralmente pensam; cada vez que as línguas dos homens são empregadas de maneira pecaminosa, estão acesas com fogo do inferno. Ninguém pode domar a língua sem a assistência e a graça de Deus. O apóstolo não apresenta isto como algo
impossível, mas como extremamente difícil.
Tiago escreveu para os cristãos de origem judaica que haviam sofrido perseguições. Ele os encorajou a buscarem sabedoria, fortalecerem a fé e mostrarem essa fé por meio da obediência a Deus, especialmente no relacionamento com outras pessoas.
O livro de Tiago é um resumo de sabedoria e para escrever esta carta Tiago teve duas influências: Sermão do Monte (Mateus 5-7), no qual destaco o texto: “Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai Celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves? Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida? E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam” Mateus 6:26-28. No Sermão do Monte Jesus cria quadros mentais através da sua forma de ensinar. Jesus coloco os olhos nos ouvidos das pessoas. E o livro de Provérbios 1-9. O livro de Provérbios apresenta ensinamentos e provoca reflexões relativos ao cotidiano, conforme descrito: “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus caminhos e sê sábio” Provérbios 6:6.
O livro de Tiago é cheio de metáforas para facilitar o nosso entendimento. Por isso essa carta que Tiago escreveu é chamado do Livro de Provérbios do Novo Testamento.
É uma carta prática, sobre como devemos ter o cuidado com a língua, com as nossas palavras.
O texto base da leitura nos capacita a enxergar o impacto de nossas palavras sobre o nosso ser como um todo.
TEMA: O PODER DAS NOSSAS PALAVRAS
ILUSTRAÇÃO
Certo dia, Thomas Edson chegou em casa com um bilhete para sua mãe.
Ele disse, “meu professor me deu esta carta para entregar APENAS a você.”
Sua mãe chorou ao ler a carta e resolveu ler em voz alta para o seu filho: “Seu filho é um GÊNIO. Esta escola é muito pequena para ele e não temos professores ao seu nível para treiná- lo. Por favor, ensine-o você mesmo!”
Depois de muitos anos, Thomas Edson veio a se tornar um dos maiores inventores do século.
Após o falecimento de sua mãe, resolveu arrumar a casa quando viu um papel dobrado no canto de uma gaveta. Ele pegou e abriu.
Para sua surpresa era a antiga carta que seu professor havia mandado ele entregar a sua mãe, porém o conteúdo era outro que sua mãe leu anos atrás.
A carta dizia o seguinte:
“Seu filho é confuso e tem problemas mentais. Não vamos deixá-lo vir mais à escola!”
Edison chorou durante horas e então escreveu em seu diário: “Thomas Edson, o inventor da lâmpada elétrica, do microfone, do projetor de cinema e outras patentes era um débil mental quando criança e a sua mãe o transformou no gênio do século através de suas palavras”.
Muitas vezes ouvimos os pais falando para os seus filhos:
“Menino(a) você é burro! Você nunca será nada na vida! Eu não aguento mais este menino...”
Cuidado com as palavras, com elas você pode abençoar ou amaldiçoar.
APLICAÇÃO
Quantas vezes dizemos algo para logo depois nos arrependermos?
Tiago compara o controle adequado da língua com o ato de controlar um cavalo com um “freio”; usa também a metáfora do leme de um navio, para mostrar que a direção é determinada por um pequeno leme que se quer é visto, mas ainda assim, exerce grande influência.
Assim são as nossas palavras, elas nos direcionam sem vermos.
O que nós falamos tem uma influência sobre as nossas vidas e sobre a vida das pessoas ao nosso redor.
Se você é uma pessoa que sempre reclama, sempre usa palavras negativas, com certeza as pessoas da rede de seu relacionamento, as pessoas mais próximas de você estarão reclamando e falando igual a você. Nós somos o resultado das cinco pessoas que mais convivemos e se você analisar perceberá que você é as características dessas pessoas que você mais convive.
Tem uma história bíblica muito marcante e que é relatada nos quatro evangelhos sobre a negação de Pedro. “Simão Pedro e outro discípulo seguiam a Jesus. Sendo este discípulo conhecido do sumo sacerdote, entrou para o pátio deste com Jesus. Pedro, porém, ficou de fora, junto à porta. Saindo, pois, o outro discípulo, que era conhecido do sumo sacerdote, falou com a encarregada da porta e levou a Pedro para dentro. Então, a criada, encarregada da porta, perguntou a Pedro: Não és tu também um dos discípulos deste homem? Não sou, respondeu ele. Ora, os servos e os guardas estavam ali, tendo acendido um braseiro, por causa do frio, e aquentavam-se. Pedro estava no meio deles, aquentando-se também” João 18:15-18. O resultado eu e você conhecemos muito bem. Cuidado, pois somos facilmente influenciados pelo ambiente.
LIÇÃO
Quero trazer três pontos que a mensagem no ensina:
1º - a língua tem o poder de dirigir a nossa vida
“Ora, se pomos freio na boca dos cavalos, para nos obedecerem, também lhes dirigimos o corpo inteiro. Observai, igualmente, os navios que, sendo tão grandes e batidos de rijos ventos, por um pequeníssimo leme são dirigidos para onde queira o impulso do timoneiro” Tiago 3:3,4.
Tem uma lenda de determinado filósofo, que mesmo não sendo cristão já tinha essa sabedoria, que se chama as três peneiras:
“Conta-se que certa vez um amigo procurou um sábio filósofo para contar-lhe uma informação que julgava de seu interesse: Quero contar-te uma coisa a respeito de um amigo teu! Espera um momento – disse o filósofo – antes de contar-me, quero saber se fizeste passar essa informação pelas três peneiras. Três peneiras? Que queres dizer? Vamos peneirar aquilo que queres me dizer. Devemos sempre usar as três peneiras. Se não as conheces, presta bem atenção: a primeira é a Peneira da VERDADE. Tens certeza de que isso que queres dizer-me é verdade? Bem, foi o que ouvi outros contarem. Não sei exatamente se é verdade. A segunda peneira é a da BONDADE. Com certeza, deves ter passado a informação pela peneira da bondade. Ou não? Envergonhado, o homem respondeu: - Devo confessar que não. A terceira peneira é a da NECESSIDADE. Pensaste bem se é necessário contar-me esse fato, ou mesmo passá-lo adiante? Vai resolver alguma coisa? Ajudar alguém? Melhorar alguma coisa? Na verdade, não. Então, disse-lhe o sábio, se o que queres contar-me não é verdadeiro, nem bom, nem necessário, então é melhor que o guardes apenas para ti. Assim, da próxima vez em que surgir um boato por aí, submeta-o a passar pelas Três Peneiras: Verdade, Bondade, Necessidade, antes de obedecer ao impulso de passá-lo adiante.
2º - a língua tem o poder da destruir – “A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto” Provérbios 18:21.
No verso 5-8 de Tiago 3 nos diz o seguinte: “Assim, também a língua, pequeno órgão, se gaba de grandes coisas. Vede como uma fagulha põe em brasas tão grande selva! Ora, a língua é fogo; é mundo de iniquidade; a língua está situada entre os membros de nosso corpo, e contamina o corpo inteiro, e não só põe em chamas toda a carreira da existência humana, como também é posta ela mesma em chamas pelo inferno. Pois toda espécie de feras, de aves, de répteis e de seres marinhos se doma e tem sido domada pelo gênero humano; a língua, porém, nenhum dos homens é capaz de domar; é mal incontido, carregado de veneno mortífero”.
Quantas vezes as nossas palavras não trouxeram edificação. Falamos quando devíamos ficar quietos e ficamos quietos quando deveríamos falar. Esse princípio nos ensina que as palavras transmitem significado, o caráter e a personalidade de quem fala. Quando você estiver num momento de raiva ou numa discussão, muito cuidado, peça a Deus paciência, espere em silêncio, conte até 10, 50, 100, enfim, cuidado, pois depois que falar, a palavra não volta mais.
A palavra tem o poder de sarar, de acalmar, de tranquilizar e Tiago, em sua exposição sobre a língua, nos indica esse poder de “curar” que as nossas palavras podem ter. Nossas palavras têm certo poder sobre nosso corpo e também sobre a vida de outras pessoas, conforme descrito: “Palavras agradáveis são como favo de mel: doces para a alma e medicina para o corpo” Provérbios 16:24. O bom uso das palavras tem o poder de trazer bênçãos preciosas em nossa vida e na vida de outras pessoas. Podem curar corações deprimidos, indicar caminhos para perdidos, animar almas cansadas e sobrecarregadas. Por isso, usar palavras para “curar” pessoas é um “poder” que podemos extrair das palavras.
3º a língua tem o poder de deleitar (satisfação, alegria, regozijo).
“Com ela, bendizemos ao Senhor e Pai; também, com ela, amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma só boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não é conveniente que estas coisas sejam assim. Acaso, pode a fonte jorrar do mesmo lugar o que é doce e o que é amargoso? Acaso, meus irmãos, pode a figueira produzir azeitonas ou a videira, figos? Tampouco fonte de água salgada pode dar água doce” Tiago 3:9-12.
Como as palavras nos acalmam, sempre ouço dos meus alunos que as minhas palavras transmitem confiança, esperança, paz, motivação e como é bom ouvir isso como um servo de Deus. As nossas palavras tem este poder de transformar ambientes e como cristão e professor utilizo muito este privilégio em salas universitárias no qual alunos estão cada vez mais longe de Deus.
CONCLUSÃO
Em Efésios 4:9 diz o seguinte: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem”.
Que nossas palavras transmitam graça, alegria e bênçãos.
Com o poder das palavras Deus criou o mundo: “Disse Deus: "Haja luz", e houve luz”
Gênesis 1:3.
Que Deus abençoe a todos.
REFERÊNCIAS
CARSON, Donald A. et al. Comentário bíblico vida nova. São Paulo: Vida Nova, v. 2176, 2009.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Matthew Henry. Editorial Clie, 2017.
BÍBLIA, DE ESTUDO DE GENEBRA. Tradução de João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada. São Paulo/Barueri: Cultura Cristã/Sociedade Bíblica do Brasil, 2009.
HARRISON, Everety F.; PFEIFFFER, Charles F. Comentário Bíblico Moody, vol. 4 e 5. 1983.
KING JAMES ATUALIZADA (KJA), Bíblia de Estudo; Tradução dos manuscritos nas línguas originais do Tanakh (Bíblia Hebraica) de acordo com o estilo clássico, majestoso e reverente da Bíblia King James de 1611. Tradução Sociedade Bíblica Ibero-Americana & Abba Press no Brasil. São Paulo, 2012.