terça-feira, 2 de abril de 2024

A Experiência da Paternidade - Por Samuel C Santos

 Do que são feitas as suas memórias?

As minhas memórias são feitas de histórias, muitas histórias. 

Hoje, vivo a experiência mais completa como homem de Deus: a paternidade. É sensacional acompanhar cada detalhe, cada segundo de tudo o que estou vivendo agora. Em alguns desses momentos, me encontrei em silêncio, apenas olhando para o meu filho nos meus braços e logo me veio ao pensamento Deus. "Em paz me deito e logo pego no sono, porque, Senhor, só tu me fazes repousar seguro." (Salmos 4:8). Nos meus braços, meu filho está seguro, ele se acalma, descansa e dorme tranquilo.

Deus tem trabalhado comigo em cada etapa da minha vida. Alguns dias atrás, uma senhora da igreja comprou o meu livro “Planos Humanos, Respostas Celestiais”. É um livro de memórias e poesias que escrevi. No domingo seguinte, ela veio falar comigo sobre uma poesia que a ajudou a entender uma passagem bíblica. Ao perguntar o que mais ela gostou do livro, ela respondeu que foi a minha autobiografia e como sou uma pessoa dinâmica, cheia de histórias de vida. Agora, vivo mais um capítulo inédito dessa história: a paternidade. Que privilégio Deus está me proporcionando.

As minhas memórias são feitas de histórias, muitas histórias. 

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Milagres NÃO Acontecem

“Você é retardada mesmo, como não perceber que tinha uma criança aí esse tempo todo!”

Cunhado da Zauri, pai de 3 filhas e avô.


No mundo de hoje, as pessoas já não acreditam mais em milagres.

O sonho da maternidade é algo que toda mulher espera após o casamento, principalmente quando ela é cristã, uma mulher de oração e fé e que frequenta e atua nos ministérios da igreja. Há alguns anos, esse foi o nosso sonho, e nos planejamos para ter o nosso bebê.

Muitas vezes, ela pensou que estava grávida e fez os exames de rotina, mas os resultados sempre foram negativos.

Porém, à medida que o tempo passava e ela não engravidava, resolvemos investigar, indo ao médico. Depois de muitos exames, o médico passou algumas orientações. Os anos se passaram e nada da gravidez acontecer, além de outros problemas que causavam dores, pelos quais ela teve que procurar outros médicos especialistas para tratar: dores de cabeça, vertigem e problemas de estômago.

Depois de anos de tratamento, seu médico disse que era impossível engravidar. Ela chorou muito e, nesse período, mudamos de cidade por causa do meu trabalho. Sintomas de depressão começaram a afetar seu dia a dia. Ela não estava bem, mas nós temos um Deus que nos fortalece.

Agora, morando em outra cidade, ela pesquisou outros médicos que pudessem resgatar sua esperança de ter um bebê, oramos para isso, e aí começa mais uma jornada de anos de tratamento e exames para tentar engravidar, mas as dores continuavam, e lá íamos nós para mais tratamentos.

Enfim, foram muitos anos de dores, exames e mais exames, nos quais eu também tive que fazer alguns para investigar se o problema era comigo, e mais uma vez o diagnóstico final da médica: "se for um sonho e desejo de vocês terem um filho, aconselho a adoção e eu posso ajudar vocês, pois a fila de adoção demora um pouco". Ela tem endometriose, mioma e outros termos técnicos que os exames médicos confirmaram a impossibilidade da gravidez.

Depois dos resultados, ela começou um tratamento para eliminar suas dores constantes e regular algumas alterações que os exames mostraram. Os meses foram passando e já estávamos conformados de que Deus teria outros propósitos para as nossas vidas; descansamos em Deus. De repente, ela começou a sentir enjoos e como estava tomando muitos remédios, falei que poderia ser alguma reação e ela procurou orientação médica. Passou mais um período e começou a ficar com o pé inchado, e eu falei para ela que deveria ser o tratamento com os remédios, e lá íamos nós ao médico. Depois, começou a barriga a inchar, e ela começou a falar que teve um irmão que morreu de câncer no estômago e também ficou preocupada com o mioma, e fomos falar com a sua médica. A médica já não sabia mais o que fazer, imagina eu em casa com ela? Aí a barriga dá mais uma crescidinha diferente, e eu tiro uma foto e ela envia para a médica que pede um ultrassom frontal (tem um nome específico que eu não sei, rs). Quando ela entrou para fazer esse ultrassom com outra médica para verificar qual era o problema, eu fiquei lá fora orando a Deus. Quando ela saiu, meu Deus.... gratidão. Ela não falou nada, mas o seu olhar feliz disse tudo. 

Somente ela, eu e Deus sabemos o que passamos. O resto da história você já sabe, Zauri está grávida de 7 meses.

MILAGRES ACONTECEM!


terça-feira, 8 de agosto de 2023

O Fim dos TEMPOS! Por Samuel C Santos

 

O FIM DOS TEMPOS

Milênio, Volta de Cristo, Arrebatamento

Por Samuel Carvalho dos Santos


Escatologia é o nome para o estudo das últimas coisas, incluindo a segunda vinda de Cristo, o juízo final, a ressurreição dos mortos, o destino eterno dos salvos e dos perdidos.

Quando se fala sobre o milênio entende-se que o reinado milenar de Cristo é um conceito teológico que se baseia na crença de que Jesus Cristo governará o mundo por mil anos antes do fim dos tempos, mas será que o reino milenar de Cristo será literal ou simbólico? Acontecerá no céu, ou será na terra? Quem participará do reinado milenar de Cristo? Como o conceito do reinado milenar de Cristo se relaciona com a escatologia cristã? Enfim, perguntas como estas estão todas relacionadas ao milênio.

Poucos textos nas Escrituras trazem tamanha divergência na interpretação como o de Apocalipse 20.1-6.

Sempre é necessário se fazer um estudo do texto, e numa análise mais atenciosa perceberá que há muito que se explorar na passagem.

Creio que Milênio literal traz mais complicações do que soluções.

Defendo a posição de Martyn Lloyd-Jones:

“Sugiro-lhes que é uma figura simbólica com o intuito de indicar a perfeita extensão de tempo, conhecida de Deus, e unicamente de Deus, entre a primeira e a segunda vindas. Não são mil anos literais, mas a totalidade do período enquanto Cristo está reinando até que seus inimigos sejam feitos estrado de seus pés e Ele regresse para o juízo final”[1]

A interpretação de Lloyd-Jones sugere que a figura do milênio não deve ser compreendida literalmente, mas sim como uma figura simbólica que representa a totalidade do tempo em que Cristo reina e governa sobre a terra.

O amilenista, que nós da teologia reformada acreditamos, pois é a visão coerente com a própria mensagem das Escrituras, argumenta que essa prisão de Satanás em Apocalipse 20:1-3 tem um propósito específico: “para assim impedi-lo de enganar as nações” (v. 3). Isso, então, é o que aconteceu quando Jesus veio e o evangelho começou a ser proclamado não simplesmente aos judeus, mas, após o Pentecoste, a todas as nações do mundo. De fato, a atividade missionária mundial da igreja e a presença da igreja na maioria das nações do mundo ou em todas elas mostra que o poder que Satanás tinha no Antigo Testamento de “enganar as nações” e mantê-las nas trevas acabou. Cristo vai retornar, haverá uma só ressurreição de crentes e descrentes, o juízo final acontecerá, e o novo céu e a nova terra serão estabelecidos. Então, entraremos imediatamente para o estado eterno, sem qualquer milênio futuro.

A Escatologia Reformada amilenista ensina que Cristo já está reinando na terra através da sua igreja e que não haverá um período literal de mil anos antes do seu retorno e do julgamento final.

Portanto, o "milênio" é um período simbólico que começou com a primeira vinda de Cristo e se estenderá até sua segunda vinda, durante o qual Cristo está reinando espiritualmente em seus eleitos através da igreja.



[1] Charles R. Erdman. Apocalipse. Casa Editora Presbiteriana. São Paulo, SP. 1960: p. 8

quarta-feira, 19 de julho de 2023

Um Olhar sobre ESTUPRO, VIOLÊNCIA SEXUAL E FEMINICÍDIO NA BÍBLIA por Samuel C Santos

A Bíblia contém uma história forte de um assassinato, através de estupro, de forma lenta e muito dolorosa.  Ela é abusada sexualmente durante a noite toda pelos agressores e no dia seguinte é deixada na porta da sua casa, para o marido. 

ESTUPRO, VIOLÊNCIA SEXUAL E FEMINICÍDIO NA BÍBLIA

Por Samuel Carvalho dos Santos

História de Feminicídio na Bíblia:

A violência contra as mulheres é uma triste realidade persistente no mundo moderno, deixando cicatrizes profundas na sociedade. Entretanto, é fundamental reconhecer que essa problemática não é exclusiva da atualidade; vestígios dessa triste história também são encontrados na Bíblia, revelando narrativas dolorosas de mulheres que enfrentaram violência, opressão e até mesmo tragédias fatais. É necessário enfrentar esse legado histórico com coragem, a fim de promover uma mudança significativa e construir uma sociedade onde todas as mulheres sejam tratadas com dignidade e respeito.

No livro de Gênesis encontramos a história da criação do ser humano. Homem e mulher foram criados a semelhança de Deus, portanto com valores e direitos iguais. Gênesis 1:27: “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” O texto aqui está bem claro, ambos os sexos foram criados iguais, sem nenhuma distinção, dignos de todo o respeito. Os princípios e ensinamentos bíblicos não mudaram.

Encontramos no Velho Testamento algumas mulheres com histórias marcantes de poder, liderança, conquista, enfim, mulheres que influenciaram a sociedade na sua época como Débora, uma juíza que foi uma líder em Israel numa batalha e era conhecida por ser sábia e corajosa (Juízes 4-5); Rute, uma viúva moabita que não deixou sua sogra, que era judia, e com isso se tornou uma antecessora do Rei Davi (Rute 1-4) e Ester, uma rainha muito respeitada e admirada pelo seu povo devido seus atos de fé e coragem (Ester 1-10). Enfim, essa são apenas algumas das mulheres bíblicas que influenciaram positivamente seu povo e marcaram gerações inteiras.

Também encontramos na Bíblia histórias de mulheres marcadas por abusos sexuais, opressão e violência como o estupro de Diná, encontrado em Gênesis 34:2 “Viu-a Siquém, filho do heveu Hamor, que era príncipe daquela terra, e, tomando-a, a possuiu e assim a humilhou” e os abusos que Tamar sofreu, encontrado em 2 Samuel 13:14 “Porém ele não quis dar ouvidos ao que ela lhe dizia; antes, sendo mais forte do que ela, forçou-a e se deitou com ela”.

No feminicídio encontra-se o nível mais alto de desigualdade, injustiça e violência com uma mulher. No próximo tópico será relatado o feminicídio bíblico ocorrido no capitulo 19 de Juízes, na Bíblia, que é um forte relato de um assassinato, através do estupro, de forma lenta e muito dolorosa.  Ela é abandonada pelo marido que entrega aos agressores e eles abusam dela durante a noite toda e no dia seguinte ela é deixada na porta da sua casa e o marido corta o corpo dela em vários pedaços.

O Capítulo 19 de Juízes: Uma História de Violência e Impunidade

As histórias bíblicas são contadas de uma forma encantadora e cativante para atrair a atenção dos leitores. Essas histórias não são apenas para trazer uma comunicação sem propósito, mas para ensinar e transmitir ensinamentos profundos sobre a vida, seus desafios e injustiças e como Deus age em cada situação.

Por meio de suas narrativas ricas e personagens envolventes, a Bíblia oferece insights valiosos sobre a natureza humana, a importância da fé e a busca por justiça e redenção. Ao ler essas histórias, somos convidados a refletir sobre nossa própria jornada e encontrar inspiração para enfrentar nossos dilemas pessoais.

Além disso, as narrativas bíblicas não são estáticas; elas permanecem relevantes ao longo do tempo, adaptando-se às diferentes culturas e contextos, e continuam a moldar a maneira como vemos o mundo e nos relacionamos com Deus.

Nos últimos capítulos de Juízes é apresentado um período de decadência moral e social do povo de Deus, conforme descrito abaixo:

Os cinco últimos capítulos de Juízes retratam uma época de anarquia geral e falta de leis. Eles narram dois acontecimentos horríveis que ilustram um dos períodos mais sombrios da história nacional de Israel: Mica e a migração de Dã (17,18) e o estupro da concubina do levita e as subsequentes guerras entre as tribos (19,21). Nesse trecho, lemos sobre idolatria, conspiração, violência sem sentido e degeneração sexual (ARNOLD; BEYER, 2011, p. 184).

Em Juízes 19:1-4 é apresentado este cenário: “Naqueles dias, em que não havia rei em Israel...” e anteriormente, em Juízes 17:6 diz: “Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada qual fazia o que achava mais reto”, essa é uma expressão que deixa claro como é viver em algum lugar ou período que não existem leis e regras no qual domina a desorganização e o caos.

Um levita e a violência em Israel. A situação de Israel havia se deteriorado a tal ponto que alguns do povo de Deus se comportavam de maneira semelhante aos antigos habitantes das cidades condenadas de Sodoma e Gomorra. O resultado foi uma guerra civil entre as tribos. A história sórdida que encerra o livro de Juízes deixa claro que a desobediência de Israel à aliança com o Senhor era decorrente da falta de um rei fiel à aliança. A ênfase sobre o ato do levita de cortar sua concubina em doze partes a fim de convocar Israel (um paralelo claro com o ato de Saul em 1 Sm 11:6-8) teve uma repercussão negativa tanto para Benjamim quanto para Saul (GENEBRA, 1999).

O texto de Juízes 19:1-4 relata a história de uma concubina[1] que fica chateada com o seu marido, um levita, e decide voltar para a casa de seu pai, onde permanece por quatro meses. O motivo exato da raiva da esposa não é esclarecido no texto, apesar dela ser uma concubina e o levita ter uma posição elevada na sociedade, exercendo certa autoridade sobre ela. A demora de quatro meses por parte do levita para procurá-la também não é explicada, o que torna difícil compreender suas ações e motivações nessa narrativa.

Agora, em Juízes 19:5-15, o levita encontra-se em viagem com a sua concubina e um dos seus servos. A concubina sempre fica de lado na história, ou seja, a ênfase no texto agora é o servo do levita, que por sua vez é chamado no texto de “seu senhor”. O servo comenta sobre passar a noite numa cidade de estrangeiros, mas o seu senhor não aceita, pois é uma cultura que não pertence ao povo de Israel. Como levita ele tem conhecimento da Lei do Senhor, contida no texto: “Como o natural, será entre vós o estrangeiro que peregrina convosco; amá-lo-eis como a vós mesmos, pois estrangeiros fostes na terra do Egito. Eu sou o Senhor, vosso Deus” Levítico 19:34. Portanto, ele deveria amar aquele povo, mas ele despreza a Lei do Senhor e toma sua própria decisão.  Aqui já se percebe que o levita entra em contradição com o que é certo, conforme a Lei do Senhor, demonstrando o seu afastamento de tais princípios.

Em Juízes 19:16-21 percebe-se que até o momento a mulher não era citada e mesmo ela sendo o centro da história, não é dada nenhuma ênfase nesse ponto. A mulher aqui realmente não é importante e lá em Juízes 19:2 diz “aborrecendo-se dele, o deixou...” e conforme citado na Bíblia de Estudo Genebra ou “ela foi infiel a ele”. A lei exigia que os adúlteros fossem apedrejados: “Se um homem for achado deitado com uma mulher que tem marido, então, ambos morrerão, o homem que se deitou com a mulher e a mulher; assim, eliminarás o mal de Israel” Deuteronômio 22:22. No entanto, “cada qual fazia o que achava mais reto” Juízes 17:6; 21:25).  Outro ponto de destaque está na sua fala: “...ninguém há que me recolha em casa”, mostrando que os outros dois, a concubina e seu servo, são insignificantes e mais uma vez o levita levanta indícios da sua atitude negativa como um homem de Deus.

Na parte final, em Juízes 19:22-30, Phyllis Trible, uma estudiosa sobre assuntos feministas diz que a concubina, que abandonou seu marido e foi para casa de seu pai, foi alvo de uma violência ao extremo. Esse abandono é levado a uma vingança do seu marido. Ela interpreta que ao abandonar seu marido ela desafia sua autoridade como o seu senhor. Ela era submissa e ao abandonar seu marido se torna alguém que busca justiça e acaba desafiando seu marido (BACHMANN, 2017).

O texto bíblico não esclarece se a concubina estava viva ou morta, mas mesmo assim seu corpo foi cortado em doze pedaços. O levita, em sua atitude, pareceu transferir a culpa para a sociedade, destacando a propensão humana para justificar seus erros e atos malignos.

Reflexões e Desafios

        Como foi possível escrever uma história tão cruel nas Escrituras do Antigo Testamento? Não é comum encontrarmos histórias assim na Bíblia, porém tais histórias enfatizam lições teológicas para a vida real mostrando como a humanidade necessita de redenção. É uma história forte e difícil de aceitar, mas é a realidade de um mundo caído no qual vivemos.

Quando estudamos os textos bíblicos precisamos refletir sobre os desafios da sociedade atual e buscar respostas para promover a igualdade entre as pessoas, o respeito e a segurança para as mulheres. Importante entendermos que como em qualquer texto bíblico as interpretações variam e por isso é necessário uma abordagem mais profunda e crítica para lidar com cada situação.

Mesmo que a Bíblia descreva fatos horríveis de feminicídio é preciso entender que a mensagem bíblica do cristianismo é amor, compaixão e justiça. Jesus Cristo deixou o exemplo com relação ao tratamento para as mulheres quando esteve no seu ministério terreno valorizando cada uma delas, restaurando vidas e trazendo a dignidade, até mesmo desafiando as culturas e normas daquela época. O Evangelho promove paz, transformação, vida e respeito para todas as pessoas.

Referências:

ARNOLD, Bill T.; BEYER, Bryan E. Descobrindo o Antigo Testamento. São Paulo. Cultura Cristã, 2001.

BACHMANN, Mercedes L. García. Mulheres no Livro dos Juízes. Revista de Interpretação Bíblica Latino-Americana (RIBLA), v. 2, p. 105-121, 2017.

GENEBRA, Bíblia de Estudo. São Paulo e Barueri. Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.

SILVA, Carla da. A desigualdade imposta pelos papéis de homem e mulher: uma possibilidade de construção da igualdade de gênero. Revista Direito em Foco, v. 5, p. 1-9, 2012.



[1] As concubinas eram companheiras reconhecidas, mas possuíam menos direitos legais do que as esposas (GENEBRA, Bíblia de Estudo. São Paulo e Barueri. Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.)


quinta-feira, 20 de abril de 2023

Sermão: O PODER DAS NOSSAS PALAVRAS - Pb Samuel Carvalho dos Santos

EXEGESE E SERMÃO

Tiago 3:1-12

A presente exegese se propõe a estudar, analisar e trabalhar em cima do texto de Tiago 3:1-12, usando dos passos exigidos pelo professor Geimar de Lima, da disciplina BI – Hebreus e Epistolas Gerais. O propósito aqui se encontra em uma análise mais aprofundada do texto, trabalhando conceitos, estruturas, língua original, contexto etc.

A proposta é extrair da perícope aquilo que nem sempre é possível fazer em apenas uma leitura ou em uma leitura superficial.

De forma mais exemplificada, a exegese trabalhará os seguintes pontos, divididos nestas 10 ordens: utilização de outras versões bíblicas; análise da estrutura de cada versículo e se existe alguma divisão; detalhes sobre a tradução de cada uma versão bíblica utilizada; significado do tempo da escrita; histórico do texto para aquela época; lista de perguntas e dúvidas; responder as dúvidas e perguntas surgidas anteriormente; observar quais doutrinas teológicas a passagem se relaciona; aplicação do texto para as nossas vidas; esboço tópico do sermão com o tema, ideia, homilética, objetivo e aplicações.

ANÁLISE INICIAL DE ALGUNS COMENTÁRIOS BÍBLICOS

Segundo Henry (2017) a língua desenfreada é um dos maiores males da humanidade. Em cada época da história da humanidade, tanto na vida privada com na pública, temos evidencias sobre isso. Tiago nos apresenta que domar a língua não é algo impossível, mas extremamente difícil, pois ninguém pode domar a língua sem o auxílio de Deus. 

Para Carson (2009) a carta de Tiago não foi bem aceita pela igreja naquela época. Martin Luther comenta que não era embasada com a carta de Paulo e Lutero diz que Tiago não menciona nada sobre a salvação pela graça. Portanto ela é uma carta útil para a igreja de hoje.

Um dos pontos que Carson (2009) destaca é que nenhuma outra carta apresenta uma ênfase cheia dos ensinamentos de Jesus como a carta de Tiago. Todas as ideias geralmente foram tiradas dos ensinamentos de Jesus e a maioria referente ao Sermão da Montanha (Mateus 5-7). 

Conforme descrito na Bíblia de Estudo Genebra (2009) apresenta como quase certo que o autor dessa carta foi Tiago, irmão de Jesus. O autor possuía uma posição de autoridade sobre a igreja, ele era um líder da igreja em Jerusalém. 

Ele foi considerado um dos pilares da igreja, juntamente com Pedro e João (Gal. 2:09). O Novo Testamento apresenta Tiago como um dos filhos de Maria, mãe de Jesus (Mateus 13:55.; Marcos 6:3). Tiago, junto com seus irmãos, estava cético de Jesus durante Seu ministério terreno (João 7:5), mas foi convertido quando ele se tornou uma testemunha da ressurreição ( 1Coríntios. 15:07). O historiador da igreja primitiva Hegesippus o identificou como "Tiago, o Justo", atestando a sua piedade extraordinária, seu zelo pela obediência à lei de Deus e sua devoção singular à oração. Dizia-se que os joelhos de Tiago ficaram tão calejada de oração que eles se assemelhavam aos joelhos dos camelos (BÍBLIA, DE ESTUDO DE GENEBRA, p.1669, 2009).

Quem era Tiago? Segundo o Comentário Bíblico Moody, dos diversos indivíduos que tinham esse nome no Novo Testamento apenas dois foram possíveis autores do livro, Tiago, filho de Zebedeu e Tiago, o irmão de Jesus. O primeiro é improvável, pois foi morto em 44 A.D devido sua fé e não era um líder na igreja como foi Tiago, irmão de Jesus, que era uma característica para escrever uma carta (HARRISON, PFEIFFFER, 1983).

Com o passar do tempo a igreja entendeu a importância do livro de Tiago e começou a valorizar sua carta, pois, na verdade, o livro explica de uma forma clara os aspectos práticos da conduta cristã e modo como a fé é revelada na vida de cada cristão. O texto é escrito em grego de uma maneira informal, porém bem fluido e construído trazendo a memória do leitor princípios e muitos conselhos bíblicos de Provérbios. Realmente Tiago vai direto ao ponto, ou seja, escreve de uma maneira prática e objetiva tratando princípios do cotidiano apresentando pérolas de sabedoria em suas palavras (KING JAMES ATUALIZADA, 2012).

O livro possui traços marcantes do judaísmo e contém várias referências ao Antigo Testamento. O paralelismo como é encontrado na poesia bíblica do livro de Provérbios 1-9. O livro apresenta ensinamentos e provoca reflexões relativos ao cotidiano como em Provérbios 6:6 – “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus caminhos e sê sábio”. Além da influência do livro de Provérbios, conforme citado, o livro também é influenciado pelo Sermão do Monte (Mateus 5-7). “Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves? Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida?

E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam” (Mateus 6:26-28). 

O livro de Tiago tem sido considerado variavelmente uma epístola, um sermão (para ser lido em voz alta nas igrejas), uma forma de literatura da sabedoria, uma diatribe (expressando ideias de uma pessoa como uma conversa interior) e uma parênese (um texto que junta admoestações e exortações de natureza ética). Essas categorias não são mutuamente excludentes, e há elementos de cada uma delas em Tiago (BÍBLIA, DE ESTUDO DE GENEBRA, p.1669, 2009).

Tiago é um livro cheio de metáforas para facilitar o nosso entendimento. É uma carta prática sobre como devemos ter cuidado com a nossa língua, com as nossas palavras. 

SIGNIFICADO PARA O TEMPO DA ESCRITA E HISTÓRICO DA PERÍCOPE

Tiago é o nome em português, pois no grego o nome é “Iakobos” que traduz o seu nome hebraico “Ya’akov” e por isso a maioria das traduções antigas e modernas traduzem seu nome por Jacó. 

No Novo Testamento há muitos Jacós, dois deles fazem parte dos doze discípulos de Jesus: Tiago, filho de Zebedeu e Tiago, filho de Alfeu (Marcos 3:16-19).

Aprendemos a história de Jacó (Tiago) no livro de Atos e nas cartas de Paulo. Como ele cresceu literalmente com Jesus sua linguagem para ensinar tem a influência de Jesus. O texto de Tiago 3:1-12, que fala sobre a língua, tem uma ligação com as palavras de Jesus no texto a seguir de Lucas 6: 43-45 “Não há árvore boa que dê mau fruto; nem tampouco árvore má que dê bom fruto. Porquanto cada árvore é conhecida pelo seu próprio fruto. Porque não se colhem figos de espinheiros, nem dos abrolhos se vindimam uvas. O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração”.

Depois que Pedro partiu de Jerusalém para começar novas igrejas, Jacó (Tiago) ganhou destaque como líder da igreja matriz em Jerusalém, composta principalmente de cristãos de origem judaica. Essa foi a primeira comunidade cristã de todos os tempos e ela passou dificuldades durante 20 anos em que Jacó (Tiago) foi o seu líder. Houve fome que levou uma grande pobreza para a região e os cristãos de origem judaica foram perseguidos por judeus em Jerusalém, mas apesar de tudo Jacó (Tiago) era conhecido como um pilar da igreja em Jerusalém. Ele foi conhecido como um pacificador que liderou com sabedoria e coragem até que foi tragicamente assassinado. 

Nesse livro de Tiago temos o legado de ensino e da sabedoria condensados em um trabalho curto e muito poderoso.

O livro começa com uma carta que ele cumprimenta todos os cristãos de origem judaica que estavam vivendo fora da terra de Israel. Diferente das cartas de Paulo, aqui Jacó (Tiago) aborda problemas específicos em uma igreja local.

Tiago escreveu para os cristãos que haviam sofrido perseguições. Ele os encorajou a buscarem sabedoria, fortalecerem a fé e mostrarem essa fé por meio da obediência a Deus, especialmente no relacionamento com outras pessoas.

Cada tipo de ensino no livro é separado e concluído com uma frase cativante, mas todos esses ensinos estão conectados através de palavras e temas repetidos. O capítulo introdutório é uma corrente fluida de ensino sábios e frases para resumir as ideias principais de todo o livro esse capítulo realmente apresenta todas as palavras-chave temas que você encontrará nos capítulos 2 a 5.

A dificuldade da vida são, na verdade, presentes paradoxais que podem produzir perseverança e moldar o nosso caráter. 

Deus pode fazer um trabalho incrível dentro de nós em meio ao sofrimento e nos ajudar a tornarmos perfeitos e completos. A palavra perfeito é realmente importante para Tiago (Jacó), pois ele a repete 7 vezes no livro lembrar que no grego essa palavra refere-se a integridade e significa viver uma vida completamente íntegra. 

PERGUNTAS E DÚVIDAS: EXPLICANDO CADA VERSÍCULO

“Meus irmãos, não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber maior juízo” Tiago 3:1

Grande parte da divisão de muitas igrejas acontece devido esse problema de lideres acharem que possuem razão ou estão corretos e acabam influenciando os membros a deixarem de seguir tal caminho. Liderança requer responsabilidade.

Tiago dá um aviso sóbrio relativa à responsabilidade dos mestres. Os mestres exercem influência sobre os estudantes de confiança, uma relação que faz com que os alunos sejam vulneráveis a erro grave. Este julgamento rigoroso deve conter os mestres das palavras descuidadas. A língua do mestre pode ser um perigo devastador. A igreja primitiva deu alta estima para o cargo de mestre (Mt 5:19; 18:6; Rom 14:10-12).

“Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça no falar, é perfeito varão, capaz de refrear também todo o corpo” Tiago 3:2

Tiago ainda estava falando principalmente dos mestres, indicando que ensinar algum erro é inevitável. 

Catecismo Maior de Westminsters – Pergunta 149

Será alguém capaz de guardar perfeitamente os mandamentos de Deus?

Nenhum homem, por si mesmo ou por qualquer graça que receba nesta vida, é capaz de guardar perfeitamente os mandamentos de Deus, mas diariamente os viola por pensamentos, palavras e obras.

“Ora, se pomos freio na boca dos cavalos, para nos obedecerem, também lhes dirigimos o corpo inteiro” Tiago 3:3

“Observai, igualmente, os navios que, sendo tão grandes e batidos de rijos ventos, por um pequeníssimo leme são dirigidos para onde queira o impulso do timoneiro” Tiago 3:4

“Assim, também a língua, pequeno órgão, se gaba de grandes coisas. Vede como uma fagulha põe em brasas tão grande selva!” Tiago 3:5

Tiago usa metáforas da experiência comum para ilustrar o seu ponto cardeal que grandes resultados podem ser alcançados por meios pequenos. A língua é uma pequena parte do corpo que é capaz de criar grandes desastres.

Somos advertidos a cuidar bem do nosso pensar e falar (língua), pois Satanás busca, diuturnamente, influenciar (incendiar) nossas mentes para o mal e tudo quanto é próprio do inferno (Jo 8:44; Mt 5:22; Lc 16:23).

“Ora, a língua é fogo; é mundo de iniquidade; a língua está situada entre os membros de nosso corpo, e contamina o corpo inteiro, e não só põe em chamas toda a carreira da existência humana, como também é posta ela mesma em chamas pelo inferno” Tiago 3:6

Uma língua descontrolada é comparado a um incêndio que devasta sem controle ( Sl 120:3, 4 ;  Pv 16:27 ). Essa imagem realça o inacreditável prejuízo que pode ser feito com palavras – não somente àqueles dos quais as palavras são direcionadas, mas também aos outros em sua esteira e àqueles que as pronunciaram. “É posta ela mesma em chamas pelo inferno” – talvez uma afirmação exagerada que indique a gravidade dos resultados das palavras perversas, ou uma indicação de que os próprios demônios tentam os cristãos a usar palavras destrutivas.

“Pois toda espécie de feras, de aves, de répteis e de seres marinhos se doma e tem sido domada pelo gênero humano” Tiago 3:7

Tiago não tinha em vista a domesticação, mas a sujeição que a humanidade exerce sobre o reino animal (Gn 1:28).

“a língua, porém, nenhum dos homens é capaz de domar; é mal incontido, carregado de veneno mortífero” Tiago 3:8

A língua é mais difícil de domar do que animais selvagens. Ela está cheia de veneno mais venenoso do que uma víbora ( Sl 58:4; 140:3 ;  Rom 3:13 , 14 ).

“Com ela, bendizemos ao Senhor e Pai; também, com ela, amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus” Tiago 3:9

A língua é capaz de ser utilizado tanto para a virtude e o vício. A mesma boca usa a língua para estes fins contraditórios feito à semelhança de Deus. Consulte "A Imagem de Deus" em Gênesis 01:27.

“De uma só boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não é conveniente que estas coisas sejam assim” Tiago 3:10

A língua também é inconsistente. Ela é usada para realizar seus mais altos propósitos, isto é, para bendizer a Deus, mas também é usada para maldizer os homens. Tal inconsistência, especialmente no caso dos cristãos (meus irmãos), não é conveniente que estas coisas sejam assim.

“Acaso, pode a fonte jorrar do mesmo lugar o que é doce e o que é amargoso?” Tiago 3:11

“Acaso, meus irmãos, pode a figueira produzir azeitonas ou a videira, figos? Tampouco fonte de água salgada pode dar água doce” Tiago 3:12

Nota a semelhança aqui entre metáforas de Tiago e os utilizados por Jesus em Mateus 07:16.

Tiago dá dois exemplos para apresentar a conclusão deste ponto. O primeiro é tirado da terra de Israel, onde no vale do Jordão, visto à distância, tem um córrego que desce no vale. Às vezes, a água era doce e boa. Às vezes, ele estava cheio de minerais (sal). Mas uma coisa era certa: os dois tipos de água não fluíram a partir da mesma fonte. 

SERMÃO

O texto de Tiago 3:1-12, que fala sobre a língua, tem uma ligação com as palavras de Jesus no texto a seguir de Lucas 6: 43-45 “Não há árvore boa que dê mau fruto; nem tampouco árvore má que dê bom fruto. Porquanto cada árvore é conhecida pelo seu próprio fruto. Porque não se colhem figos de espinheiros, nem dos abrolhos se vindimam uvas. O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração”.

Somos ensinados a temer uma língua desenfreada, como um dos maiores males. Os assuntos da humanidade são lançados à confusão pela língua dos homens. Cada época do mundo e cada condição de vida privada ou pública dá exemplos disto. O inferno tem a ver com o aumento do fogo da língua, mais do que os homens geralmente pensam; cada vez que as línguas dos homens são empregadas de maneira pecaminosa, estão acesas com fogo do inferno. Ninguém pode domar a língua sem a assistência e a graça de Deus. O apóstolo não apresenta isto como algo

impossível, mas como extremamente difícil.

Tiago escreveu para os cristãos de origem judaica que haviam sofrido perseguições. Ele os encorajou a buscarem sabedoria, fortalecerem a fé e mostrarem essa fé por meio da obediência a Deus, especialmente no relacionamento com outras pessoas.

O livro de Tiago é um resumo de sabedoria e para escrever esta carta Tiago teve duas influências: Sermão do Monte (Mateus 5-7), no qual destaco o texto: “Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai Celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves? Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida? E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam” Mateus 6:26-28. No Sermão do Monte Jesus cria quadros mentais através da sua forma de ensinar. Jesus coloco os olhos nos ouvidos das pessoas. E o livro de Provérbios 1-9. O livro de Provérbios apresenta ensinamentos e provoca reflexões relativos ao cotidiano, conforme descrito: “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus caminhos e sê sábio” Provérbios 6:6.

O livro de Tiago é cheio de metáforas para facilitar o nosso entendimento. Por isso essa carta que Tiago escreveu é chamado do Livro de Provérbios do Novo Testamento.

É uma carta prática, sobre como devemos ter o cuidado com a língua, com as nossas palavras.

O texto base da leitura nos capacita a enxergar o impacto de nossas palavras sobre o nosso ser como um todo.

TEMA: O PODER DAS NOSSAS PALAVRAS

ILUSTRAÇÃO

Certo dia, Thomas Edson chegou em casa com um bilhete para sua mãe.

Ele disse, “meu professor me deu esta carta para entregar APENAS a você.”

Sua mãe chorou ao ler a carta e resolveu ler em voz alta para o seu filho: “Seu filho é um GÊNIO. Esta escola é muito pequena para ele e não temos professores ao seu nível para treiná- lo. Por favor, ensine-o você mesmo!”

Depois de muitos anos, Thomas Edson veio a se tornar um dos maiores inventores do século.

Após o falecimento de sua mãe, resolveu arrumar a casa quando viu um papel dobrado no canto de uma gaveta. Ele pegou e abriu.

Para sua surpresa era a antiga carta que seu professor havia mandado ele entregar a sua mãe, porém o conteúdo era outro que sua mãe leu anos atrás.

A carta dizia o seguinte:

“Seu filho é confuso e tem problemas mentais. Não vamos deixá-lo vir mais à escola!”

Edison chorou durante horas e então escreveu em seu diário: “Thomas Edson, o inventor da lâmpada elétrica, do microfone, do projetor de cinema e outras patentes era um débil mental quando criança e a sua mãe o transformou no gênio do século através de suas palavras”.

Muitas vezes ouvimos os pais falando para os seus filhos:

“Menino(a) você é burro! Você nunca será nada na vida! Eu não aguento mais este menino...”

Cuidado com as palavras, com elas você pode abençoar ou amaldiçoar. 

APLICAÇÃO

Quantas vezes dizemos algo para logo depois nos arrependermos?

Tiago compara o controle adequado da língua com o ato de controlar um cavalo com um “freio”; usa também a metáfora do leme de um navio, para mostrar que a direção é determinada por um pequeno leme que se quer é visto, mas ainda assim, exerce grande influência.  

Assim são as nossas palavras, elas nos direcionam sem vermos.

O que nós falamos tem uma influência sobre as nossas vidas e sobre a vida das pessoas ao nosso redor.

Se você é uma pessoa que sempre reclama, sempre usa palavras negativas, com certeza as pessoas da rede de seu relacionamento, as pessoas mais próximas de você estarão reclamando e falando igual a você. Nós somos o resultado das cinco pessoas que mais convivemos e se você analisar perceberá que você é as características dessas pessoas que você mais convive.

Tem uma história bíblica muito marcante e que é relatada nos quatro evangelhos sobre a negação de Pedro. “Simão Pedro e outro discípulo seguiam a Jesus. Sendo este discípulo conhecido do sumo sacerdote, entrou para o pátio deste com Jesus. Pedro, porém, ficou de fora, junto à porta. Saindo, pois, o outro discípulo, que era conhecido do sumo sacerdote, falou com a encarregada da porta e levou a Pedro para dentro. Então, a criada, encarregada da porta, perguntou a Pedro: Não és tu também um dos discípulos deste homem? Não sou, respondeu ele. Ora, os servos e os guardas estavam ali, tendo acendido um braseiro, por causa do frio, e aquentavam-se. Pedro estava no meio deles, aquentando-se também” João 18:15-18. O resultado eu e você conhecemos muito bem. Cuidado, pois somos facilmente influenciados pelo ambiente. 

LIÇÃO

Quero trazer três pontos que a mensagem no ensina:

1º - a língua tem o poder de dirigir a nossa vida

“Ora, se pomos freio na boca dos cavalos, para nos obedecerem, também lhes dirigimos o corpo inteiro. Observai, igualmente, os navios que, sendo tão grandes e batidos de rijos ventos, por um pequeníssimo leme são dirigidos para onde queira o impulso do timoneiro” Tiago 3:3,4.

Tem uma lenda de determinado filósofo, que mesmo não sendo cristão já tinha essa sabedoria, que se chama as três peneiras:

“Conta-se que certa vez um amigo procurou um sábio filósofo para contar-lhe uma informação que julgava de seu interesse: Quero contar-te uma coisa a respeito de um amigo teu! Espera um momento – disse o filósofo – antes de contar-me, quero saber se fizeste passar essa informação pelas três peneiras. Três peneiras? Que queres dizer? Vamos peneirar aquilo que queres me dizer. Devemos sempre usar as três peneiras. Se não as conheces, presta bem atenção: a primeira é a Peneira da VERDADE. Tens certeza de que isso que queres dizer-me é verdade? Bem, foi o que ouvi outros contarem. Não sei exatamente se é verdade. A segunda peneira é a da BONDADE. Com certeza, deves ter passado a informação pela peneira da bondade. Ou não? Envergonhado, o homem respondeu: - Devo confessar que não. A terceira peneira é a da NECESSIDADE. Pensaste bem se é necessário contar-me esse fato, ou mesmo passá-lo adiante? Vai resolver alguma coisa? Ajudar alguém? Melhorar alguma coisa? Na verdade, não. Então, disse-lhe o sábio, se o que queres contar-me não é verdadeiro, nem bom, nem necessário, então é melhor que o guardes apenas para ti. Assim, da próxima vez em que surgir um boato por aí, submeta-o a passar pelas Três Peneiras: Verdade, Bondade, Necessidade, antes de obedecer ao impulso de passá-lo adiante.

2º - a língua tem o poder da destruir – “A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto” Provérbios 18:21.

No verso 5-8 de Tiago 3 nos diz o seguinte: “Assim, também a língua, pequeno órgão, se gaba de grandes coisas. Vede como uma fagulha põe em brasas tão grande selva! Ora, a língua é fogo; é mundo de iniquidade; a língua está situada entre os membros de nosso corpo, e contamina o corpo inteiro, e não só põe em chamas toda a carreira da existência humana, como também é posta ela mesma em chamas pelo inferno. Pois toda espécie de feras, de aves, de répteis e de seres marinhos se doma e tem sido domada pelo gênero humano; a língua, porém, nenhum dos homens é capaz de domar; é mal incontido, carregado de veneno mortífero”.

Quantas vezes as nossas palavras não trouxeram edificação. Falamos quando devíamos ficar quietos e ficamos quietos quando deveríamos falar. Esse princípio nos ensina que as palavras transmitem significado, o caráter e a personalidade de quem fala. Quando você estiver num momento de raiva ou numa discussão, muito cuidado, peça a Deus paciência, espere em silêncio, conte até 10, 50, 100, enfim, cuidado, pois depois que falar, a palavra não volta mais.

A palavra tem o poder de sarar, de acalmar, de tranquilizar e Tiago, em sua exposição sobre a língua, nos indica esse poder de “curar” que as nossas palavras podem ter. Nossas palavras têm certo poder sobre nosso corpo e também sobre a vida de outras pessoas, conforme descrito: “Palavras agradáveis são como favo de mel: doces para a alma e medicina para o corpo” Provérbios 16:24. O bom uso das palavras tem o poder de trazer bênçãos preciosas em nossa vida e na vida de outras pessoas. Podem curar corações deprimidos, indicar caminhos para perdidos, animar almas cansadas e sobrecarregadas. Por isso, usar palavras para “curar” pessoas é um “poder” que podemos extrair das palavras.

3º a língua tem o poder de deleitar (satisfação, alegria, regozijo).

“Com ela, bendizemos ao Senhor e Pai; também, com ela, amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma só boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não é conveniente que estas coisas sejam assim. Acaso, pode a fonte jorrar do mesmo lugar o que é doce e o que é amargoso? Acaso, meus irmãos, pode a figueira produzir azeitonas ou a videira, figos? Tampouco fonte de água salgada pode dar água doce” Tiago 3:9-12.

Como as palavras nos acalmam, sempre ouço dos meus alunos que as minhas palavras transmitem confiança, esperança, paz, motivação e como é bom ouvir isso como um servo de Deus. As nossas palavras tem este poder de transformar ambientes e como cristão e professor utilizo muito este privilégio em salas universitárias no qual alunos estão cada vez mais longe de Deus.

CONCLUSÃO

Em Efésios 4:9 diz o seguinte: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem”.

Que nossas palavras transmitam graça, alegria e bênçãos.

Com o poder das palavras Deus criou o mundo: “Disse Deus: "Haja luz", e houve luz”

Gênesis 1:3.

Que Deus abençoe a todos.


REFERÊNCIAS

CARSON, Donald A. et al. Comentário bíblico vida nova. São Paulo: Vida Nova, v. 2176, 2009.

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Matthew Henry. Editorial Clie, 2017.

BÍBLIA, DE ESTUDO DE GENEBRA. Tradução de João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada. São Paulo/Barueri: Cultura Cristã/Sociedade Bíblica do Brasil, 2009.

HARRISON, Everety F.; PFEIFFFER, Charles F. Comentário Bíblico Moody, vol. 4 e 5. 1983.

KING JAMES ATUALIZADA (KJA), Bíblia de Estudo; Tradução dos manuscritos nas línguas originais do Tanakh (Bíblia Hebraica) de acordo com o estilo clássico, majestoso e reverente da Bíblia King James de 1611. Tradução Sociedade Bíblica Ibero-Americana & Abba Press no Brasil. São Paulo, 2012.


terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

SERMÃO - Como vencer as minhas crises e ansiedades e ter uma boa noite de sono?

Texto: Confiança em Deus, na angústia (sermão profético)

Leitura: Salmo 4:1-8


ABERTURA: 

Você tem dormido bem?

Como você tem lidado com a sua ansiedade?

Este Salmo nos ajuda a entendermos como nós devemos tratar a nossa ansiedade.

“Responde-me quando clamo, ó Deus da minha justiça; na angústia, me tens aliviado; tem misericórdia de mim e ouve a minha oração” (Salmos 4:1).

Esse é um pronunciamento profético: “Responde-me quando clamo, ó Deus da minha justiça...” (v.1). 

A crise que passamos, os momentos difíceis que passamos, está na agenda de Deus, é plano de Deus para trabalhar em nós e nos mostrar que devemos depender dEle e confiar nEle sempre. 

A crise é um tempo de desafios, mas também de oportunidade e de recomeço.

Tudo que aconteceu nos dois últimos anos acabou aumentando o nosso grau de ansiedade, de preocupação e assim dificultou o nosso momento de relaxamento.

Segundo dados da OMS (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE) no primeiro ano da pandemia de COVID-19, a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou em 25%, de acordo com um resumo científico divulgado em março de 2022. Uma das principais explicações para esse aumento é o estresse sem precedentes causado pelo isolamento social decorrente da pandemia. 

Três palavras, nesse texto que acabei de ler, merecem destaque: ANSIEDADE, DEPRESSÃO E ESTRESSE. 

Ansiedade = excesso de futuro

Depressão = excesso de passado

Estresse = excesso de presente.

Quando você confia em Deus, mesmo em momentos de aflição, você encontrará contentamento, refrigério e paz.

TEMA: ONDE VOCÊ COLOCA A SUA CONFIANÇA?

Como conseguir vencer as minhas crises e as minhas ansiedades? Com ter uma boa noite de sono?

Antes de entendermos esse Salmo 4 o que é um Salmo?

A palavra “salmo” vem do grego psalmos que quer dizer um cântico ou um hino. A palavra hebraica para o livro é têhillim e significa “louvores”. O livro contém uma coleção de cento e cinquenta cânticos da vida religiosa e da adoração hebraicas — cânticos do coração do povo e que refletem suas experiências pessoais. Pode-se dizer que os salmos representam o antigo hinário do povo de Deus. Muitos dos salmos de Davi descrevem períodos específicos de sua vida. Ele escreveu o Salmo 3 quando fugia de seu filho, Absalão. Outros salmos estão mais ligados às experiências do indivíduo. 

A poesia é uma forma de comunicação escrita que dá atenção especial ao modo como a mensagem é transmitida ao leitor. Os poetas gostam de usar a linguagem de um modo que amplie não somente a mente, mas também a imaginação e as emoções. 

Paralelismo – esse recurso literário é de longe o mais predominante em toda a poesia hebraica. É usado para ligar palavras ou frases umas às outras a fim de dar nuança ao significado. A estrutura ritma formal da poesia hebraica pode ser vista de maneira mais clara no paralelismo, ou seja, a coordenação bastante próxima ou associação de um verso poético com outro. Os versos paralelos são constituídos de pelo menos dos versetos que formam um verso. O segundo verseto expande, enfatiza ou contrasta com uma ou mais dimensões do primeiro verseto. 

A linguagem da Bíblia é sempre uma linguagem poética e a poesia fala por todos os meios e recursos. O básico, o principal da poesia hebraica, é o chamado paralelismo. 

O Salmo 4 é uma poesia hebraica e o paralelismo é uma forma de poesia que usa palavras diferentes mais de uma vez para dizer a mesma coisa, ou seja, é o jeito de falar que coloca as expressões ao lado umas das outras, como se fossem linhas paralelas. Dentro do paralelismo tem uma estrutura semítica que faz que a última frase do texto seja paralela à primeira, mostrando assim que aquele trecho é um bloco unitário: tem começo e fim, terminando como começou. 

O centro do Salmo 4 está nos versículos 4 e 5. “Irai-vos e não pequeis; consultai no travesseiro o coração e sossegai. Oferecei sacrifícios de justiça e confiai no Senhor”.

Estremecei de ira, como, literalmente, em hebraico, ou “irai-vos”, como em algumas versões. Os sentimentos de insatisfação e cólera jamais devem dar ocasião a qualquer tipo de violência ou agressividade. O conselho aqui é, literalmente: “durma, meditando no caso, antes de agir”. No verso 5 sacrifícios de justiça são aqueles oferecidos de acordo com a lei (Ml 1:6-14). Em Cristo, toda a necessidade de sangue como holocausto cessou; e a fé genuína no Filho de Deus e o amor cristão passaram a ser os sacrifícios exigidos pelo Senhor para a plena redenção (Sl 51:17; Pv 15:8; Os 6:6; Rm 12:1; Ef 5:2; Hb 10:5; 1 Pe 2:5). 

No verso 8: “Em paz me deito e logo pego no sono, porque, Senhor , só tu me fazes repousar seguro” a parte “só tu me fazer repousar seguro” significa lebadad, sozinho,  somente Deus pode nos proporcionar toda a segurança que precisamos para descansar confiantes e em paz (Pv 1:33). 

Se este Salmo 4 foi escrito no período da revolta de Absalão, então pode ser que Davi tivesse em mente os homens que seguiram seu filho rebelde e traíram o rei instituído pelo Senhor em Israel. É uma oração vespertina de alívio. As circunstâncias que rodeiam este salmo são semelhantes às do Salmo 3. Contudo, aqui o lamento se transforma em uma canção de confiança para expressar o alívio do salmista. A serenidade do tom através de todo ele é o resultado de uma experiência da ajuda divina no passado. Exatamente como Deus deu o descanso na experiência anterior (Sl. 3), há certeza de que ele proverá esse mesmo descanso e paz novamente. 

Davi relata neste Salmo 4 uma situação de muita angústia.

APLICAÇÃO:

Como é difícil lidar com situações que estão fora do nosso controle. Na verdade, não há nada na nossa vida que está no nosso controle. Em Pv 16:1 diz que “o coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do senhor”.

Eu me lembro que no início da pandemia do COVID 19 os noticiários constantemente apresentavam os principais sintomas: dor no peito, falta de ar, palpitações, febre... e confesso que eu já estava tão ansioso com tudo isso que já estava sentindo os mesmos sintomas e tinha até medo de dormir.

Se eu e você queremos vencer a ansiedade, a falta de controle sobre a nossa vida nós precisamos colocar a CONFIANÇA naquele que tem todo o controle: DEUS.

CONCLUSÃO:

Davi estava vivendo uma situação limite, de angustia, de crise e mesmo neste momento ele diz no verso 8: “Em paz me deito e logo pego no sono, porque, Senhor, só tu me fazes repousar seguro”. 

Quando eu confio em Deus, mesmo na aflição, eu encontro contentamento.

Você tem dormido bem? Como está a sua vida? Como você tem lidado com a sua ansiedade? DESCANSE EM DEUS, pois quando a sua CONFIANÇA está em Deus é possível dormir em tranquilidade. Como? O Salmo nos apresenta a solução:

1º CLAME AO SENHOR: “...o Senhor me ouve quando eu clamo por ele”.

2º CONFIE NO SENHOR: “...confiai no Senhor”.

3º ALEGRE-SE NO SENHOR: “Mais alegria me puseste no coração do que a alegria deles, quando lhes há fartura de cereal e de vinho”.

4º DESCANSE NO SENHOR: “Em paz me deito e logo pego no sono, porque, Senhor, só tu me fazes repousar seguro”.

Obrigado Senhor Deus, pois somente em Ti encontramos a verdadeira paz, somente em Ti encontramos DESCANSO.

Pb. Samuel Carvalho dos Santos 


domingo, 26 de fevereiro de 2023

Pastores e suas pregações cansativas, por quê?

 

Muito provavelmente um ouvinte assíduo de pregações não se lembrará de todas as mensagens que ouviu durante sua vida. É impossível fazê-lo. Mas, com certeza, a maioria das mensagens que vêm à lembrança tinha alguma boa ilustração. Jesus usava o poder das palavras para ensinar e trazer mensagens poderosas para a vida das pessoas. Contando parábolas, Jesus desenhava quadros mentais que retratavam o mundo ao seu redor.

Jesus ensinava de uma forma fácil e tinha várias formas e técnicas para conseguir atingir o seu ouvinte. A sua forma de comunicar era muito bem entendida através de uma simples conversa ou diálogo e também através de parábolas, um estilo pedagógico próprio de Jesus, sua aplicação era clara para quem ouvia. 

A pregação de Jesus, numa época que não existia os recursos modernos de multimídia, alcançava os seus ouvintes de uma forma atraente, impactante e definitiva.

Outro ponto importante é que o pregador pode ser um especialista ou até mesmo um doutor em determinada área da Bíblia, mas se não dominar a área pedagógica de ensinar como Jesus, será em vão sua mensagem, sua pregação.

Que assim como era com Jesus, que os ouvintes de hoje também fiquem maravilhados com a pregação da mensagem do Evangelho.

Pb. Samuel Carvalho dos Santos

A Experiência da Paternidade - Por Samuel C Santos

 Do que são feitas as suas memórias? As minhas memórias são feitas de histórias, muitas histórias.  Hoje, vivo a experiência mais completa c...