quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Sobre FALAR EM LÍNGUAS em Atos 2 - Pb Samuel Carvalho dos Santos

 

“O termo grego pentekoste significa “quinquagésimo” e se refere ao quinquagésimo dia após o sábado da Páscoa (Lv 23:4-7, 15-16). O Pentecoste, que era celebrado no primeiro dia da semana (o nosso domingo), era uma das três grandes festas anuais de Israel, sendo a primeira a Páscoa (Lv 23:4-8; Nm 28:16-25), que ocorria antes de Pentecostes, e a terceira a Festa dos Tabernáculos (Lv 23: 33-43; Nm 29:12-38), que ocorria quatro meses depois. Pentecostes também era chamada de “Festa das Semanas” (Dt 16:10), porque era nessa ocasião que ocorria a colheita das safras; e também “dia das primícias” (Nm 28:26). A ligação entre o derramamento do Espírito Santo e a celebração de Pentecostes no dia das primícias se encaixa satisfatoriamente com o ensino de que a manifestação do Espírito no Novo Testamento é a “primícia” da colheita da salvação em Cristo (Rm 8:23)” [1].

Lindo texto no qual descreve como a Palavra de Deus foi entendida por todos os povos e línguas, através de uma experiência litúrgica e uma oratória clara por todos devido a descida do Espírito Santo que foi representado por “línguas de fogo” no versículo 3. “A expressão “línguas” é uma metáfora usada para explicar aquela situação na qual uma multidão de pessoas, de nações, culturas e línguas totalmente diferentes umas das outras, puderam ouvir a Palavra de Deus, em sua própria língua materna, por meio da pregação dos apóstolos. O “fogo” é um outro símbolo metafórico da presença divina (Êxodo 3:2), também frequentemente associado ao Juízo” (Mt 3:2: Lc 3:16 e Ts 5:19) [2].

No início o Pentecostes significava então agradecimento pela terra e pelos seus frutos e depois que foi ligado como referência a Deus, uma ligação com a Torá, os cinco primeiros livros bíblicos. Este é um significado relacionado ao agradecimento a Deus aos homens pelo presente divino dos ensinamentos de Deus (CARDOSO, 2011).

Outro ponto interessante é a relação de Atos 2:1-13 com Gênesis 11:1-9, porém ao contrário. Em Gênesis 11:1-9 relata a revolta de Deus com o povo e com isso as línguas são confundidas e não conseguem mais uma comunicação consistente para a construção da torre de Babel, enquanto em Atos 2:1-13 o texto já mostra uma unidade no sentido de entendimento da comunicação. Em Babel houve uma separação das pessoas devido a confusão de línguas ocasionada por Deus em consequência de uma construção idólatra. Em Pentecostes houve uma união, direcionado pelo Espírito Santo (VALÉRIO, 2001).

A seguir um quadro comparativo para entendermos melhor a comparação e identificarmos como a Bíblia explica a Bíblia e como ela é um livro único.

Gênesis 11: 1-9

Atos 2: 1-11

As pessoas falam a mesma língua e se estabelecem no mesmo lugar.

Homens e mulheres se reúnem no mesmo lugar e falam a mesma língua.

O desejo delas: construir uma cidade e uma torre para alcançar o céu.

O objetivo delas: buscar a Deus no céu por direção na terra.

Deus desce e decide confundir as línguas.

O Espírito de Deus desce e concede novas (unidade de entendimento) línguas.

As pessoas não conseguem mais se compreender: mistura de linguagens. A comunicação é quebrada.

Ouvintes do evento conseguem compreender em sua própria língua: harmonização na linguagem. A comunicação é restaurada.

Deus espalha as pessoas pela terra. Dessa forma cria a diversidade de línguas e culturas.

As pessoas ouvem as vozes vêm de diferentes nações, representando a totalidade do mundo habitado. O Evangelho fala na diversidade de línguas e culturas.

Fonte: Carneiro, p. 12, 2016.

Gostaria de finalizar dizendo como a comunicação é fundamental para a proclamação do Evangelho. Uma linguagem simples e objetiva para atender a todas as classes, culturas, faixas de idade, enfim, simplicidade na pregação no sentido que a mensagem deve ser entendida. O principal conflito entre as nações e povos é a comunicação entre as partes.

 

Referências:

CARDOSO, Eliene de Sousa Machado. Pentecostes Segundo Atos 2, 1-14. Revista Fragmentos de Cultura-Revista Interdisciplinar de Ciências Humanas, v. 21, n. 4, p. 653-665, 2011.

 

CARNEIRO, Marcelo da Silva. Babel e Pentecostes: entre a inversão e a renovação comunicativa. Estudos Bíblicos, v. 33, n. 132, p. 9-21, 2016.

VALÉRIO, Paulo Ferreira. Babel e Pentecostes (Gn 11, 1-9 e At 2, 1-13). Estudos Bíblicos, v. 19, n. 70, p. 73-82, 2001.



[1] Bíblia de Estudo de Genebra. 2. Ed. Barueri, SP. Sociedade Bíblica do Brasil; São Paulo: Cultura Cristã, 2009.

[2] Bíblia de Estudo King James Atualizada (KJA); Tradução dos manuscritos nas línguas originais do Tanakh (Bíblia Hebraica) de acordo com o estilo clássico, majestoso e reverente da Bíblia King James de 1611. Tradução Sociedade Bíblica Ibero-Americana & Abba Press no Brasil. São Paulo, 2012.

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